domingo, 7 de setembro de 2014

Texto para reflexão e trabalho de filosofia

A RIQUEZA DO CONHECIMENTO
“Minha filha me fez uma pergunta: 'o que é pensar?' Disse-me que era uma pergunta que o professor de Filosofia havia proposto à classe. Pelo que lhe dou os parabéns!
· Primeiro por ter ido diretamente à questão essencial.
· Segundo, por ter tido a sabedoria de fazer a pergunta, sem dar a resposta.
Não existe nada mais fatal para o pensamento do que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido". (Rubem Alves)

O que é o conhecimento humano?
Uma réplica da realidade na inteligência? Como se dá o processo de conhecer? No decorrer da história, a filosofia deu várias explicações. Mas, atenção, dar uma ou ou­tra explicação não é indiferente, pois a maneira de entender o conhecimento vai ter conseqüências práticas para a nossa ação na história.
Os gregos e os medievais, na sua maioria, diziam que o conhecimento é uma espécie de fotografia das coisas. Es­sas têm uma estrutura visível, que os sen­tidos percebem. Mas, além disso, elas têm uma estrutura invisível, que, aliás, é a mais importante, pois é ela que mantém a estrutura visível. Essa estrutura invisível (não física) a inteligência percebe, intui. Conhecer, então, é fotografar a essência, que é a estrutura não física (metafísica) das coisas.
Essa maneira de explicar o conheci­mento leva a conceber a realidade como algo pronto, fixo. As coisas não se mudam profundamente. Só se mudam na superfí­cie (os acidentes). É por isso que a gente pode adquirir conhecimentos definitivos, verdades absolutas, dogmas. Se conheço a essência do ser humano, posso dizer o que ele é na sua estrutura fundamental. E dizendo o que ele é, digo o que ele sem­pre foi e sempre será.
A possibilidade das ciências
A partir de Descartes (séc. XVII), os filósofos ocidentais começaram a descobrir que a réplica das coisas no sujeito cog­noscente (conhecimento) é um ato criador do sujeito. Este coloca muito de si no ato de conhecer; não é passivo. Conhecer não é, pois, simplesmente fotografar a coisa como ela é, mas sim criar, em si, a coisa, como conhecida. Kant (séc. XVIII) chegou a afirmar que o sujeito cria o objeto de co­nhecimento. Por isso que, pelo conheci­mento, nós sabemos o que pensamos das coisas, e não o que as coisas realmente são. Mas, esse conhecimento não é pro­duzido caprichosamente, segundo a ima­ginação de cada um. Ele é produzido pela própria estrutura de toda inteligência hu­mana. Torna-se, então, possível a ciência, pois todos os seres humanos têm a mes­ma estrutura mental e constroem a mes­ma imagem ou idéia das coisas. Mas, com essa 'solução kantiana', chamada trans­cendental, porque o sujeito de que ele fala transcende os sujeitos particulares, fica ainda a idéia de que, com o conhecimento, nós atingimos algo de fixo, de determinado, de definitivo, que não depende do processo histórico, porque está amarrado à estrutura estável da mente humana.
Conhecer para mudar
Com os idealistas alemães (séculos XVIII e XIX) e, sobretudo com Hegel, mu­dou-se a maneira de ver a realidade e o conhecimento dela. Para Hegel, a realida­de é dinâmica, é um processo; e é contra­ditória. A contradição é que possibilita a dinâmica, pois a oposição entre os pólos (tese e antítese) é superada pela síntese. Para Hegel, conhecer é tomar consciência de uma realidade que ele chamou de idéia (idealismo).
Na linha de Hegel, Marx e Engels acei­tam a tese de que a realidade é um pro­cesso. Aliás, essa tese já Heráclito, filóso­fo grego do século VI a.c., tinha proposto. Marx e Engels, porém, não aceitam a tese hegeliana de que o processo cósmico e histórico é, no fundo, o desenrolar-se de um princípio único: a idéia. Para eles, a realidade concreta é essa que está aí, o mundo físico e social, com a multiplicidade de seres materiais (materialismo) inter-re­lacionando-se.
Conhecer, neste sentido, é um ato de sujeitos empíricos (que buscam conhecer), imersos no processo histórico, que, ao refletirem sobre a reali­dade, a captam segundo as suas possibi­lidades históricas. É por isso que o modo de pensar a realidade varia de época para época, de lugar para lugar. O conhecimen­to é, portanto, também ele, histórico. Ja­mais pode conceber-se como acabado e definitivo.
Essa maneira de conceber a realidade e o conhecimento dela privilegia
o movimento e a mudança, gerando a possibilidade de brotar o novo. Neste sentido, "todos os homens (e mulhe­res) são filósofos, enquanto pensam ( ... ), enquanto refle­tem sobre a cultura, a linguagem e o mundo que recebem ao nascer ( ... ) assu­mindo-o não de maneira pronta e passi­va, mas de maneira crítica e responsável" (Antonio Gramsci - 1891-1937).
QUESTÕES PARA REFLETIR E RESPONDER
1-O que é pensar e conhecer?
2-Que método você usa para conhecer?
3-Comente a respeito das citações de Rubem Alves e Antônio Gramsci!

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